domingo, 5 de novembro de 2017

O PACTO [自殺サークル - Jisatsu Sâkuru (Suicide Circle), 2002] de Sion Sono

O PACTO
[自殺サークル - Jisatsu Sâkuru (Suicide Circle), 2002]
de Sion Sono



"Você está conectado consigo mesmo?"

Bom, você já sabe que amo filmes japoneses, amo filmes filosóficos, existencialistas, que o induzem a buscar dentro de si o entendimento da mensagem do filme. Taí mais um exemplar desses.

A história é bem simples (por alto!): Um grupo de detetives investiga uma onda de suicídios em massa que inicia com 54 meninas do Ensino Médio se jogando na frente do trem. Aparentemente há um "clube" que estimula suicídios. Será?

Você vai ter que ver, porque não há mais o que dizer, mas há muito o que se descobrir.

Tenha a certeza de que a cópia a que você vai assistir possui legendas para as letras das músicas cantadas pelo grupo vocal infantil Dessert (Dessart, Desert) - Até o nome do grupo é caótico no filme (mas com significação!), elas são a chave para se entender a mensagem.

Por favor, não fique criticando os efeitos especiais nem a cor do sangue.

Outra coisa, o suicídio não é o principal da história, embora seja algo diretamente relacionado à sociedade japonesa, isolacionista e que tende ao vazio existencial por conta do pragmatismo da vida.

O filme fala de conexões humanas.

É um filme surrealista. Mais ainda, usa a perspectiva budista/shintoísta de ver a vida/morte. Como muitos filmes que comentei aqui, não é para qualquer gosto. Espero que seja para o seu!

"Você está conectado consigo mesmo?"

Bom filme!

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

OLHOS AZUIS, 2010 de José Joffily

OLHOS AZUIS, 2010
de José Joffily




Um filme brasileiro sim, por que não?!
E excelente, por sinal: com conteúdo e sentimento!

O filme transcorre dividido em dois momentos:

O passado, em que o agente de imigração do aeroporto JFK em Nova Iorque, em seu último dia de trabalho antes de se aposentar e sofrendo de um câncer terminal, visivelmente revoltado com sua a vida vazia, decide deter latinos que tentam entrar nos EUA para humilhá-los, sob o pretexto de que eles têm inveja dos "olhos azuis" dos norte-americanos.

Um dos detidos é Nonato (Irandhir Santos), um professor brasileiro casado com uma americana que retorna do Brasil onde tem uma filha pequena. Ele é o principal personagem da denúncia feita no filme e do drama de todos nós latinos que somos vistos como sub-raça pelos norte-americanos.

O presente, em que o agente de imigração Marshall (David Rasche) está no Brasil, já aposentado e sofrendo muito com um câncer, para cumprir uma missão, que não posso dizer qual é senão estrago seu filme! Ele está no Recife e é muito bem recebido e cuidado, com um carinho e respeito que ele mesmo não oferecia aos que recebia em seu país, pela prostituta Bia (Cristina Lago) e por todos que encontra aqui, um exemplar de "sub-país" que tanto detestava.

Os mais velhos se lembrarão de David Rasche das tardes de domingo na TV no personagem principal do seriado "Na Mira do Tira". José Joffily extraiu do comediante uma atuação dramática tocante e impecável: nós vamos do ódio a ele e ao que representa à piedade em seu ato final na vida.

De Irandhir Santos sou suspeito de falar. Esse cara me emociona sempre! Em novela, filme, ele se entrega de corpo e alma. Olha, na minha opinião é um dos melhores atores brasileiros. No filme sua participação é visceral (sempre, aliás!). A voz de seu personagem é a de todo brasileiro que se sente indignado com a "superioridade norte-americana".

O legal é empatizarmos ternamente com a história final de Marshall, o vilão-vítima da ideologia de superioridade dos que têm olhos azuis.

Bom filme!